segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Um drama chamado Pipoca



Como eu havia começado a contar lá no início, eu detestava a parte de banho e tosa do meu Pet, eu queria clinicar, isso sim era legal, tinha acabado de sair da faculdade e estava tudo fresquinho na minha memória. Enquanto os meus pacientes não apareciam a gente ia dando uma “olhadinha” nos clientes de banho e tosa, tratávamos dermatites, otites, feridas, bicheira, etc.

Um dia bem cedo o dono de oficina mecânica passou no pet e perguntou se poderia trazer a cadelinha dele, pois ela entrou em trabalho de parto expeliu um filhote morto e ainda estava sofrendo muito. Concordamos e em meia hora a esposa dele chegou com a Pipoca, uma cadelinha linda mestiça de pequinês. Ela realmente chegou apresentando dor, e pelo exame físico consegui notar que ela tinha um filhote no canal vaginal, ele parecia enorme e não conseguia sair. A dona a deixou com a gente, pois tinha outro compromisso urgente. Medicamos Pipoca, para que ela contraísse e eliminasse o filhote, se isso não ocorresse ela teria que ser operada, e não éramos uma clínica, era consultório, portanto não fazíamos cirurgia. Esperamos, ela contraia, mas o filhote por ser grande não sai por nada. Ligamos pra dona e falamos que íamos levar Pipoca numa clínica enorme e renomada para que ela fosse operada.

Levamos Pipoca na clínica que fizemos estágio, o veterinário estava meio sem graça, pois outro dia éramos estagiárias e agora concorrentes, então ficou um clima estranho, mas deixamos a cadelinha lá para fazer exames e ele confirmou que tinha que operá-la, concordamos e falamos que deixaríamos a cachorrinha ali e que iriamos ligar pra dona para saber se ela queria que castrasse. Ao telefonar de volta para a clínica o veterinário disse que já havia operado e deixado o útero. Fomos busca-la logo após a cirurgia, pois a dona dela temia que o custo ficasse caro se ela ficasse internada na clínica. No primeiro dia em nosso consultório Pipoca estava bem, lhe dar medicação era um custo, e ficávamos o dia todo por conta dela. No dia seguinte sua dona resolveu leva-la, no final do dia voltou com ela e disse que não conseguia medica-la e ela não aceitava alimento algum. À noite a levamos pra casa e passamos a noite toda medicando, olhando temperatura, auscultando, ela não melhorava.

No dia seguinte fomos à clínica e compramos alguns medicamentos que não tínhamos pra dar a Pipoca, por volta das 20h em desespero resolvemos levar Pipoca para internar na clínica. Ligamos para o veterinário e chegamos lá muito sem graça, ele examinou-a e constatou que o útero estava cheio de pús e deveria ser operada de manhã para ser retirado com urgência.

Graças a Deus em dois dias Pipoca estava muito melhor, em alguns dias ela voltou para casa e virou nossa cliente de banho e tosa. Neste momento vi que já não gostava muito de clinicar, saber que em certos momentos você não pode fazer nada e que aquele animal e o dono estão depositando em você toda a confiança do mundo me fez ter muito medo da clínica, isso foi só o começo.

Pipoca praticamente recuperada

Ainda com curativo, mas estava ótima. 




Um comentário:

  1. Adorei o texto e as fotos...tinha coisa que eu nem me lembrava!!!Você tem ótima memória, afinal já se passaram mais de 3 anos!!!

    ResponderExcluir