Como
eu havia começado a contar lá no início, eu detestava a parte de banho e tosa
do meu Pet, eu queria clinicar, isso sim era legal, tinha acabado de sair da
faculdade e estava tudo fresquinho na minha memória. Enquanto os meus pacientes
não apareciam a gente ia dando uma “olhadinha” nos clientes de banho e tosa,
tratávamos dermatites, otites, feridas, bicheira, etc.
Um
dia bem cedo o dono de oficina mecânica passou no pet e perguntou se poderia
trazer a cadelinha dele, pois ela entrou em trabalho de parto expeliu um
filhote morto e ainda estava sofrendo muito. Concordamos e em meia hora a
esposa dele chegou com a Pipoca, uma cadelinha linda mestiça de pequinês. Ela
realmente chegou apresentando dor, e pelo exame físico consegui notar que ela
tinha um filhote no canal vaginal, ele parecia enorme e não conseguia sair. A
dona a deixou com a gente, pois tinha outro compromisso urgente. Medicamos
Pipoca, para que ela contraísse e eliminasse o filhote, se isso não ocorresse
ela teria que ser operada, e não éramos uma clínica, era consultório, portanto
não fazíamos cirurgia. Esperamos, ela contraia, mas o filhote por ser grande não
sai por nada. Ligamos pra dona e falamos que íamos levar Pipoca numa clínica
enorme e renomada para que ela fosse operada.
Levamos
Pipoca na clínica que fizemos estágio, o veterinário estava meio sem graça,
pois outro dia éramos estagiárias e agora concorrentes, então ficou um clima
estranho, mas deixamos a cadelinha lá para fazer exames e ele confirmou que
tinha que operá-la, concordamos e falamos que deixaríamos a cachorrinha ali e
que iriamos ligar pra dona para saber se ela queria que castrasse. Ao telefonar
de volta para a clínica o veterinário disse que já havia operado e deixado o
útero. Fomos busca-la logo após a cirurgia, pois a dona dela temia que o custo
ficasse caro se ela ficasse internada na clínica. No primeiro dia em nosso
consultório Pipoca estava bem, lhe dar medicação era um custo, e ficávamos o
dia todo por conta dela. No dia seguinte sua dona resolveu leva-la, no final do
dia voltou com ela e disse que não conseguia medica-la e ela não aceitava
alimento algum. À noite a levamos pra casa e passamos a noite toda medicando,
olhando temperatura, auscultando, ela não melhorava.
No
dia seguinte fomos à clínica e compramos alguns medicamentos que não tínhamos
pra dar a Pipoca, por volta das 20h em desespero resolvemos levar Pipoca para
internar na clínica. Ligamos para o veterinário e chegamos lá muito sem graça,
ele examinou-a e constatou que o útero estava cheio de pús e deveria ser
operada de manhã para ser retirado com urgência.
Graças
a Deus em dois dias Pipoca estava muito melhor, em alguns dias ela voltou para
casa e virou nossa cliente de banho e tosa. Neste momento vi que já não gostava
muito de clinicar, saber que em certos momentos você não pode fazer nada e que
aquele animal e o dono estão depositando em você toda a confiança do mundo me
fez ter muito medo da clínica, isso foi só o começo.
Pipoca praticamente recuperada |
Ainda com curativo, mas estava ótima. |
Adorei o texto e as fotos...tinha coisa que eu nem me lembrava!!!Você tem ótima memória, afinal já se passaram mais de 3 anos!!!
ResponderExcluir